Comentário das imagens expostas


domingo, 11 de dezembro de 2016

Honda CRF África Twin DCT – A perfeição do automatismo

Anteriormente já tinha publicado o meu contacto com a África Twin e agora a Moto Veiga (Braga) deu-me a  oportunidade de provar a versão que ademais de já ter ABS e controle de tracção também é automática.
Desta vez a volta foi bem maior, permitindo-me consolidar a opinião que já tinha do anterior contacto.
A moto do teste
Revendo aquilo que escrevi tenho agora que reconhecer que, pese embora não ter dito nenhuma mentira, fui um pouco duro e injusto pela forma como realcei pequenos defeitos que não são nada para uma moto que globalmente é excelente.
Depois disto, pouco ou nada mais tenho a acrescentar sobre as suas qualidades. É uma moto muito ligeira e maneável, que confere confiança logo no primeiro contacto e neste segundo teste transmitiu exactamente as mesmas boas sensações.
Mas o motivo principal deste artigo é o inédito sistema de transmissão automática (em motos), designada pela Honda de DCT (Dual Clutch Transmission).
Há uns anos já tinha andado na exclusiva DN-01, cuja transmissão não era de dupla embraiagem, mas a verdade é que na prática, o accionamento era muito parecido ao actual.
Diferenças no motor
Esta transmissão é exclusiva no mercado das motos, sendo que a Honda está nesta África Twin, a apresentar a 3ª geração deste sistema.
Para além de eu estar de compras para comprar uma moto e isto aguçar-me o interesse, o sistema DCT é deveras atractivo para quem está disposto a dar um passo em frente na tecnologia. Eu sou um daqueles que pertence à maioria de cépticos conservadores que pensam que manual é mais divertido, mas não há nada como experimentar para tirar as dúvidas.
Passando à sua descrição, a moto apresenta exteriormente diferenças no lado direito do motor, com um maior volume (ver imagem) e do lado esquerdo deixa de ter o tradicional pedal de accionamento das velocidades. Porém para aqueles que não conseguem evitar o tique das mudanças, têm disponível como acessório, por 450€, a mesma alavanca, mas desta vez para accionar sem embraiagem.
O resto de diferenças encontramos-as no guiador.
Do lado esquerdo, no lugar da alavanca de embraiagem, encontramos uma alavanca maior e de difícil accionamento em andamento (para não confundir com a embraiagem) sendo o travão de estacionamento que actua na roda traseira, para compensar a impossibilidade de poder engatar a caixa manual.
À frente e atrás da pinha, temos as patilhas mais e menos que nos permite com os dedos correspondentes (polegar e indicador), subir e baixar manualmente as velocidades.
Do lado direito temos o botão fundamental no automatismo desta máquina, sendo accionado pelo polegar (para quem o tem, hehe!). Pressionando o N, a moto fica em ponto morto. Para andar, pressiona-se o botão no seu lado direito D/S e é só acelerar para por a moto em andamento, sem esquecer previamente de destravar o travão de estacionamento, claro! A posição D (drive) é obtida na primeira pressão do botão e corresponde a um andamento normal com passagens de caixa sem grandes acelerações. Se pressionarmos novamente, obtemos a posição S (sport), a qual leva a acelerações com mais rotações até que muda de velocidade. Dentro da posição Sport temos disponíveis 3 níveis (indicada no quadro de bordo). Do 1 ao 3 as acelerações vão de menos a mais (na 1 menos e a 3 mais) e a mudança de nível obtém-se pressionando de forma mais prolongada o botão, cerca de 2-3 segundos.
O botão A/M permite-nos optar pelo modo automático ou manual (accionado pelas patilhas +/- da pinha esquerda), a pesar de que mesmo estando a conduzir em modo automático, podemos alterar manualmente a velocidade em qualquer altura.
Por fim temos o botão G – Gravel (gravilha), destinado à condução todo-terreno, o qual altera a intervenção da embraiagem, tornando o accionamento mais directo para conseguir mais tracção (não o testei).

Posta em acção, a condução é extraordinariamente simples e eficiente. Basta saber o botão que accionar e… nada, não temos que pressionar a embraiagem, nem temos que meter velocidades com o pé, não temos que fazer quase nada. Aceleramos, e o sistema sobe e baixa de velocidades quase sem darmos conta sem variações ou soluços. Simplesmente perfeito!
Requer habituação? Se for para conduzir de forma normal, a adaptação é imediata, mas se queremos refinar um pouco mais a condução e conduzir de uma forma mais rápida, precisa ou desportiva temos que eleger com mais critério, qual o modo que irá de encontro ao tipo de condução que vamos imprimir.
Por exemplo, tive uma situação em que, sem eu contar, na posição D, ela inadvertidamente baixou de velocidade numa curva, com a consequente alteração de estabilidade. Por isso, no caso de querermos obter mais precisão, recomendo a condução manual com as patilhas.
O modo Sport funciona de forma precisa e efectiva, mas neste caso prefiro ser eu a mandar e por isso a minha opção é accionar de forma manual, indo de encontro ao que já disse no parágrafo anterior.
Por fim tenho que referir uma vantagem que não salta à vista, mas deixamos de ter o desagrado de estragar os sapatos esquerdos devido à alavanca da caixa.

Agora falta decidir. Primeiro há que ultrapassar o cepticismo e o conservadorismo. Depois há que ter mais mil cento e picos euros e considerar que a moto vai pesar mais cerca de 10 Kg que a normal.
Penso que aqueles que se movem muito pela cidade não devem ter dúvidas e devem comprar.
Pessoalmente, penso que é mais interessante o quick shift. Este, para além de mais barato pouco ou nada incrementa o peso e funciona muito bem. Como nesta moto não há essa opção, penso que fico com a manual, pois também (e ainda) me diverte mudar de velocidades!