Comentário das imagens expostas


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Honda XL700V Transalp - Regresso ao passado

Comprometi-me a participar no Lés-a-Lés e estava sem moto. Alugar uma, custava uma pastão e como estava indeciso (e ainda estou!) sobre qual seria o meu próximo amor, resolvi comprar algo provisório.
Com alguma sorte descobri uma Transalp de 2008 por cerca de 5.000€ e 11.000 Km e rapidamente decidi comprá-la, pois sabia que a sua configuração de trail seria a ideal para as voltas do Lés-a-Lés e boa para voltar a vendê-la. Assim o fiz e acabei por me surpreender com esta velha conhecida!
Já tinha andado nela há quase 6 anos. Pensava eu que, depois de ter uma BMW RT, ía dar um passo (ou vários!) à rectaguarda. Rapidamente verifiquei que estava rotundamente enganado!
Tinha-a testado, tinha-a visto centenas de vezes e a estética não me seducia. A cilindrada é considerável, mas declara tão só 60 cv de potência. 

Com a cúpula original
Com uma cúpula adaptada
O motor, um bicilindrico en V, é uma maravilha da mecânica. Bonito e sofisticado, tem uma arquitectura dispendiosa, que a Honda está a pouco e pouco a deixar para trás, em nome da rentabilidade e da economia, para fazer frente a uma crise que se arrasta há quase uma década. Estou a falar das NC e a mais recente África Twin com os seus económicos bicilindricos em linha. A NC chega ao cúmulo de convergir os seus dois cilindros no mesmo colector de escape! Mas também há que dizer que é um motor extremamente durável e económico.
Como já disse, apesar de não a considerar uma beldade, para além do motor, tem detalhes muito interessantes e de qualidade, como são as suas rodas raiadas com a jantes negras e o colector de escape todo ele em aço inox. Também gosto do seu quadro de bordo com a combinação do conta-rotações analógico com o velocímetro digital, apesar de algo fora de moda.
O quadro é bastante completo, mas já acusa o peso dos anos
Os aspectos que menos me agradaram, é que não gosto que as as rodas tenham câmara de ar, o basculante seja em tubo de de aço (em vez de alumínio fundido) e a cúpula servir apenas para enviar todo o ar para o capacete e tornar uma viagem insuportável ( já lhe coloquei outro, que encaixou na perfeição.
O mais interessante surgiu quando comecei a fazer quilómetros. E nada como o Lés-a-Lés para testá-la.
A Transalp é decididamente uma moto
fácil de conduzir. O seu modesto e robusto quadro de aço, aliado a uns estreitos e acertados pneus Bridgestone Trail Wing (130mm/17´´ atrás e 110mm/19´´ à frente), deixa que curvemos com a moto até limites que pensava não ser possível com este tipo de moto. O duplo travão de disco à frente cumpre na perfeição, conseguindo levar ao limite da aderência o seu estreito pneu da frente e o motor, sempre cheio e linear, acelera com alegria até ao máximo das suas 8.000 rotações.
Falando de defeitos, no Verão sente-se bastante nas pernas o calor do motor.
Ainda terei que verificar bem o assunto, mas a iluminação à noite é bastante deficiente, tanto nos médios como nos máximos, e ao curvar, pior ainda!
Só falta falar das suspensões. Nota muito positiva para ambas. A da frente não tem regulação e a de trás apenas tem na compressão, através de um parafuso. Pareceram-me extremamente equilibradas, em especial a de trás. A da frente podia ter um pouco mais de retenção (dureza) no final do recorrido, em travagens mais fortes, mas a verdade é que já seria pedir demasiado para este tipo de moto…
Com todo este desempenho, a Transalp acaba por ser uma moto que não te deixa atrasar nem te deixa complexado em relação a outras motos muito mais potentes, a não ser que vás medir velocidades máximas ou acelerações puras. Ademais é muito comedida nos seus consumos, rondando os 5 litros/100Km, em ritmo vivo.
Dito isto, só faltaria acrescentar que esta seria a moto ideal e definitiva. Mas não. Esta moto está feita para que se sinta satisfeito o principiante e o veterano, mas para quem já andou muitos milhares de quilómetros e gosta de se divertir, diria que faltam aqui mais 30 cavalinhos.
Por isso eu vou testar a nova África Twin. Vou ver que tal vai e depois direi qualquer coisa. Até lá!