Comentário das imagens expostas
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Passeio de clássicas em Abragão
Abragão? Onde é isso? dirão alguns.
O mesmo pensei quando o casal amigo António Ferreira e Beatriz Máximo me
convidaram a participar no passeio que eles têm organizado há vários anos.
O simpático casal organizador do passeio |
Sorte a minha tê-los conhecido, ter
uma moto que se enquadra no âmbito das clássicas (pese embora os possuidores
das BMW e de outras europeias me olhem com alguma indiferença disfarçadaJ) e o ter aceite lá ir pela primeira
vez.
Se calhar ainda não disse, mas tenho
duas nipónicas clássicas - duas Honda CX500 de 78 e 81 (ver http://hondacx500portugues.blogspot.pt/)
que me fizeram ver a estrada de outra forma, mais pausada, mais contemplativa e
relaxada.
As concentrações de clássicas são um
mundo à parte no mundo das motos. Nela convergem pessoas socialmente sãs e o
melhor de tudo é que trazem às suas costas uma bagagem cultural infindável
sobre uma vida passada e uma paixão: as motos antigas.
Não consigo dizê-lo de outra forma, é
o sentimento nobre que me invade quando vejo os seus orgulhosos donos montados
em motos cheias de carisma, autênticas obras de arte rolante. Nada que ver com
aquelas concentrações de barulhentos motoqueiros sebosos, sedentos de cerveja e
de excitações baratas prontas a servir e que de motos só sabem daquela que os
trouxe até ali, e alguns nem isso!
Abragão é uma pequena vila situada a
sul de Penafiel e a oeste de Marco de Canavezes, virada para o leito do rio
Tâmega. Por ela passa a rota do românico, uma estrada que serpenteia por aquela
região e nos leva aos lugares mais recônditos, mas também nos mostra o majestoso
Douro e o seu afluente, o Tâmega.
Este foi o segundo ano em que
participei e tanto num como no outro só estive presente num dos dois dias.
Problemas de âmbito logístico L. Em ambas ocasiões os organizadores
foram peremptórios: Não há atrasos e a saída é às 09h00!!! Apoiado!
Na recta da Tabopan, Vila Pouca de Aguiar |
Saí de Chaves bem cedinho pela
nacional, claro. O tempo sentia-se fresco, mas estava de maravilha, um sol
brilhante que incitava a passear. Porém ao passar o Marão o tempo mudou de cara.
Todo o vale desde Amarante até se calhar ao Porto, estava coberto com um
espesso manto de nevoeiro que gerava um orvalho pesado pondo em dúvida se
estaria a chover. Mesmo assim só cheguei às 09h15, é verdade, atrasado, mas tive
a desculpa de vir de (relativamente) longe.
Cumprimentos feitos, foi só
reabastecer e toca a sair. É assim mesmo!
Rumamos para Marco de Canavezes pela N320
e N210 e dali continuamos até Baião e Santa Marinha do Zêzere, que nada tem a
ver com o nome do rio, bem pelo contrário está bem debruçada, sem se ver, para
o rio Douro, onde paramos num agradável parque relvado de traço moderno. Nessa
altura já estávamos a receber os benefícios do bendito astro-rei que tanta
alegria nos dá nem que seja só pelo brilho que dá à paisagem!
Já tínhamos andado por essa altura
cerca de 60 Km, nada mau para as velhinhas glórias. Pensava que a paragem era
só para esticar as pernas e verter águas (eheh) mas num instante montaram um
pequeno lanche com salpicão, bola de carne e um bolo de "não-sei-o-quê"
que soube de maravilha.
Algures na serra do Montemuro |
Prontinhos e aconchegados, arrancamos e
descemos até ao rio e voltamos a subir até Resende. A partir de ali a vegetação
alta e verdejante transformou-se em erva e arbustos rasteiros, o que sobrou de
sucessivos e crónicos incêndios. Tínhamos entrado no temeroso e austero maciço
da serra do Montemuro!
Ponte e torre medieval em Ucanha |
Chegados a Bigorne atravessamos a N2 e
dirigimo-nos até Tarouca, passando pelas isoladas e frias aldeias de montanha,
Lazarim e Lalim. Dali fomos até Ucanha onde fizemos um breve alto para ver a
torre e a ponte medieval. Segundo os entendidos foi ali que se iniciou o mau
hábito de cobrar portagens nas pontes e infelizmente estendeu-se para muitas
mais coisas.
As motos estacionadas em frente do museu do espumante Murganheira |
Já estava a aproximar-se o almoço. Já tínhamos
mais de 100 Km percorridos, mas ainda deu tempo para ir ao museu do espumante
Murganheira, que com tantas voltas nem fiquei a saber bem onde fica aquilo. Ali
visitamos o palacete, que segundo a guia era antigo até dizer basta (eheh,
estava distraído quando falou), cujas salas estavam decoradas e preenchidas com
motivos relacionados com o champanhe e no final provamos o famoso e bem adamado
néctar.
De regresso a Tarouca, almoçamos no
restaurante Tio Pedro onde comemos uma refeição ao gosto de todos (carne
assada), feita por uma cozinheira que se revelou no final uma fã das motos,
tendo tirado uma carrada de fotografias connosco. O almoço tinha sido tão bom e
o ambiente tão familiar que quase me ía esquecendo de pagar!
Esta obra da engenharia é uma Nimbus 750 Luxus de 1938 |
Éramos 22 motos e quase o dobro de
participantes, pois a maioria levava acompanhante - uma particularidade comum
nestes passeios, a companheira costuma participar porque a coitada também ficou
contagiada pelo vírus das motos antigas :-).
Uma Zundap com uma configuração de motor parecido às BMW |
Estava calor, calculo que cerca de 30
graus naquele local abrigado com reflexos do sol. O pessoal não resistiu. Descascou-se
e muitos não tiveram problemas inclusive em por os braços ao léu. Voltamos a
subir em direcção à montanha. Agora vão entender porque chamei temeroso à serra
do Montemuro. Começamos a ver uma línguas de nuvens alongadas ao longo da
montanha e entramos nelas… foi como se passássemos do Brasil para a Antártida!
O pessoal enregelou instantaneamente e da mesma forma parou para voltar a
vestir aquilo que tirou. É que não dava para aguentar!
BMW R69 S |
Depois disso voltamos a percorrer por
outros caminhos a "dita-cuja-serra-cujo-nome-não-devemos-pronunciar"
sob pena de desaparecermos nas suas entranhas, mas aquilo já não era o que foi:
ficou tudo enevoado e estava uma brisa que até metia dó! O tempo tinha mudado.
Descidos até Cinfães, atravessamos a
barragem do Carrapatelo e lá fomos nós de regresso ao ponto de partida,
Abragão.
O evento ainda mal estava a meio.
Seguia-se o jantar e depois todo o dia seguinte com outro passeio, mas sobre
isso já não falo porque não estive presente.
Outra BMW algo modificada, mas muito bem acabada! |
Eram 19h00. Sem grandes delongas
despedi-me e voltei a abastecer para meter-me à estrada até Chaves. Desta vez e
não sei bem porquê dei mais gás e a minha menina japonesa reagiu bem, com
alegria, com o espirito desportivo com que foi construída. Andamos juntos
naquele dia cerca de 500 Km e nem ela nem eu acusamos o esforço.
Para o ano quero participar nos dois dias,
mas o organizador, o Ferreira, já me disse que talvez não haja mais. mas eu
prefiro pensar que quando o disse, estava com a disposição da cabra que está a
parir e grita - "nunca mais! nunca mais!", mas mais tarde, quando vê
os seus belos e ternurentos cabritinhos olha e diz carinhosamente
"veremos, veremos".
Assina, o cabritinho reconhecido.
Parabéns!
Uma Honda CB450 dos anos 60 |
Pormenores da Zundap, com linhas arredondadas e bem terminadas |
Não resisti gravar em vídeo o motor da Nimbus a trabalhar, um 4 cilindros em linha longitudinal, onde os balancetes, estando inusualmente à vista, sobem e descem num frenesim incessante:
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Harley Davidson Street 750 - a Harley para todos
No passado sábado fiz um pequeno
"teste-drive" inesperado, fruto de uma inesperada viagem a uma
expectante exposição de motos em Madrid.
No piso dos expositores das motos |
Já estive presente em diversas
exposições de motos e isso leva a que formemos sempre uma determinada
expectativa. Quando pensei nesta, mesmo sendo na capital de um país cheio de
tradição motociclista, não tive o atrevimento de pensar que estivesse ao nível
de uma EICMA de Milão, mas a verdade é que aquilo com que nos deparamos foi um
salão ao nível da exposição que já vi na Batalha: - poucas marcas representadas
oficialmente (3-4) e quase 2/3 da área ocupada era feira de venda de
equipamentos e acessórios.
Não posso no entanto dizer que foi um
dia perdido. Com a reduzida quantidade de expositores, eu e os meus compinchas,
acabamos por rebuscar outros atractivos, como são os testes de condução e as
demonstrações/ espectáculos.
Muito manobrável e segura a MP3 |
Eu e o Xavier não resistimos à
tentação de fazer uma gincana com uma Piaggio de 3 rodas: a MP3 Yourban 300 IE.
A sensação foi boa, muito manobrável, mas não deu para tirar grandes elacções.
O que sim, deu para fazer uma ideia
algo consistente, foi com o teste de condução que fizemos a seguir com a Harley
Davidson Street 750. O representante tinha à disposição 6 exemplares daquele
modelo para quem quisesse dar uma volta muito jeitosa pelas ruas capital.
Assim, todos devidamente enquadrados por um guia e um "vassoura",
ambos em moto, lá fomos nós experimentar as sensações da nova Harley.
Mas antes é conveniente dissertar um
pouco sobre a origem do modelo e algumas particularidades.
O motor, baptizado pelo fabricante com
um sonante "Revolution
X engine", é feito
numa base completamente nova, a única dos últimos 13 anos, e tem disponíveis as
cilindradas de 750 e 500 cc, mantendo a configuração tradicional V-Twin a 60º.
Este ano, numa primeira fase está a
ser comercializado nos EUA, India, Espanha, Itália e Portugal. Penso que o
facto de sermos incluídos no grupo restrito dos eleitos, não tem a ver com o
nosso (pouco) dinâmico mercado, mas por simpatia com a Espanha porque o
importador da marca é espanhol e comercializa as motos nos dois países da
Península.
A Street 750/500, conforme sugere o
seu nome, é um modelo focalizado para circular na agitação do trânsito
citadino. Por isso a sua refrigeração é a água para evitar sobreaquecimentos,
tem uma caixa de 6 velocidades adequadamente escalonada e o seu assento tem
apenas 709 mm de altura. Conjuntamente com o seu baixo centro de gravidade, e a
roda traseira de apenas 15 polegadas de dimensão, oferece ao condutor uma
grande facilidade de manobra.
Para ver mais características
técnicas:
http://www.harley-davidson.com/es_ES/Motorcycles/street-750/specs.html
Vamos agora às sensações colhidas no
teste de condução.
Gostei da posição de condução. É
correcta e descontraída, com os pés ligeiramente avançados, mas sem exageros como
as suas irmãs maiores. O guiador também contribui para o equilíbrio da postura,
bem proporcionado e a uma altura contida.
Os comutadores em cada um dos lados do
guiador pareceram-me algo levantados em relação à posição da mão, obrigando a
fazer algum esforço para lá chegar e mais ainda a mim, que tenho os dedos
curtos. A instrumentação, tal como toda a moto em geral é algo austera, só tem
o mínimo indispensável, sem conta-rotações, mas não choca pela simplicidade,
pois neste caso condiz com o tipo de moto e com aquilo que ela custa.
Os comutadores esquerdos, algo girados para cima |
O aspecto geral da moto agradou-me.
Simples, nalgumas coisas até demais, mas compreenda-se, a Harley tem ao dispor
do cliente um vasto leque de acessórios para a transformarmos na menina dos
nossos olhos.
O mesmo ocorre com os direitos |
O depósito leva 13,1 litros, tem a
forma de gota mas parece que está virado para baixo, sendo plano na sua parte
superior, ficando muito baixo em relação à posição do condutor.
O motor V-twin e tudo que o envolve é de
cor negra, com o filtro de ar ao centro entre os dois cilindros, dá-lhe um visual
tipicamente Harley que agrada à vista.
A carenagem que envolve o farol tem
boa pinta, dando-lhe a personalidade de uma cruiser, em vez do ar pesadote das
custom.
A transmissão secundária é feita por
correia, com nítidas vantagens no silêncio de rodagem, ausência de manutenção e
de sujidade na roda traseira que causa o óleo projectado da corrente. Só resta
saber quanto custa trocar uma coisa daquelas e a periodicidade.
Cada uma das rodas de fundição de
alumínio e sete braços tem um disco de travão. A dimensão da roda da frente é
de 17 polegadas, mas a traseira tem apenas 15, tudo apontado para que a moto tenha
boa nota na manobrabilidade.
O escape é a única coisa que pensaria
seriamente em trocar ou retocar. E não será necessário ir à concorrência porque
a Harley tem.
A chave de ignição está posicionada no
enfiamento da coluna de direcção. Com uma breve pressão no botão de arranque o
motor desperta, A sua suavidade de funcionamento tira-nos de dúvidas de que
estamos perante um motor moderno com 4 válvulas por cilindro, feito segundo os
moldes actuais.
A caixa de velocidades é extremamente
suave e fácil de engrenar. O som do motor é cem por cento Harley e desenvolve
com suavidade e energia em o leque de rotações. Fez-me lembrar o motor da Honda
NC700X.
A travar é que enfim, deixou muito a
desejar. Não foi por falta de aviso por parte do guia! Cumpre a função com
segurança, mas desta vez fez-me lembrar a capacidade de travagem da minha Honda
CX500 com 35 anos.
Confesso que estive tentado a sugerir
mais um disco adicional, mas a verdade é que a citada NC700X tem apenas um
disco e trava muito melhor!
Enfim, nada é perfeito e as motos não
fogem à regra. Para além disso é uma Harley Davidson (!) que agora temos à
nossa disposição por um preço bem simpático, em torno dos 7.000€ e muito
funcional para o dia-a-dia. Eu gostei!
quarta-feira, 12 de março de 2014
Passeio por Mogadouro: 4 horas sem um golo de água
Antes de partit |
Este passeio não tem nada de especial,
dirás tu. Mas para mim tem e para o meu amigo Filipe também me pareceu que sim.
Isto porque, depois da travessia de um duro Inverno a ver a moto "prostrada"
na garagem e muitos meses sem andar juntos, este passeio foi como, em termos
religiosos, renovar a alma, e em termos de actos médicos, uma transfusão de
sangue, eheh.
O dia estava perfeito, um sol límpido
e brilhante, que enchia a paisagem de luz e cor, dando-nos vontade, não só
andar de moto, mas também de voar (hummm, quem me dera ter asas).
O trajecto |
A estrada, limpa de pós e areias e bem
conservada, convidava rasgá-la ao meio com as nossas motos, mas eu, cauteloso,
avisei logo antes da partida que estava cheio de ferrugem no corpo e na mente e
por isso não esperasse grandes cavalgadas.
A resposta dele foi para eu ir à
frente. Uma dúzia de curvas depois e os pneus bem quentes, qual ferrugem qual
diabo! gááááááás!!! Até Bragança foi sempre a curvar, acelerar, travar, em
resumo, disfrutar como já não o fazia há muito tempo. O Filipe claro, sempre a
acompanhar, quanto mais eu andava, mais ele acelerava, era como se lhe
estivesse a lançar rebuçados.
Filipe e o seu gps improvisado |
Em Bragança, ainda meios turvados com
a adrenalina, surgiu-nos a dúvida, e agora para onde vamos? Por Mogadouro! Depois
de uma mal sucedida tentativa de montar o gps na moto (a ventosa não colava no
depósito), para nos orientarmos, recorremos à forma mais tradicional - falar
com um taxista.
É provável que já tenha passado por
estas estradas em ocasiões anteriores, mas como não é usual não tenho a
certeza, mas tenho que dizer que à medida que avançavamos, mais me caíam os
queixos com o gosto que aquilo me estava a dar. Curvas redondas e penosas para
os carros, mas um mimo para as nossa motos. Até Mogadouro foi uma delícia e daí
até Vila Flor foi um sopro pelo já nosso conhecido IC5 (ver anterior artigo). O
objectivo era almoçar em casa e as horas começaram a apertar. De Vila Flor a
Mirandela, pela N213, é sempre agradável passar por lá, em especial nesta
época, ao inalarmos o agradável cheiro dos lagares de azeite, que agora trabalham
a todo o gás.
Em Bragança |
De Mirandela a Chaves, nada de novo,
muito rápida até Valpaços e muitas curvas e bom piso até Chaves, mas cheia de
limites de velocidade, localidades, rotundas, etc.
A voltinha, (320Km) foi tão frenética e
entusiasmante que nem nos ocorreu parar para beber um golo de água. Nós é que
somos uns bebedores!!! Mas ficou-nos água na boca para mais.
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