No piso dos expositores das motos |
Já estive presente em diversas
exposições de motos e isso leva a que formemos sempre uma determinada
expectativa. Quando pensei nesta, mesmo sendo na capital de um país cheio de
tradição motociclista, não tive o atrevimento de pensar que estivesse ao nível
de uma EICMA de Milão, mas a verdade é que aquilo com que nos deparamos foi um
salão ao nível da exposição que já vi na Batalha: - poucas marcas representadas
oficialmente (3-4) e quase 2/3 da área ocupada era feira de venda de
equipamentos e acessórios.
Não posso no entanto dizer que foi um
dia perdido. Com a reduzida quantidade de expositores, eu e os meus compinchas,
acabamos por rebuscar outros atractivos, como são os testes de condução e as
demonstrações/ espectáculos.
Muito manobrável e segura a MP3 |
Eu e o Xavier não resistimos à
tentação de fazer uma gincana com uma Piaggio de 3 rodas: a MP3 Yourban 300 IE.
A sensação foi boa, muito manobrável, mas não deu para tirar grandes elacções.
O que sim, deu para fazer uma ideia
algo consistente, foi com o teste de condução que fizemos a seguir com a Harley
Davidson Street 750. O representante tinha à disposição 6 exemplares daquele
modelo para quem quisesse dar uma volta muito jeitosa pelas ruas capital.
Assim, todos devidamente enquadrados por um guia e um "vassoura",
ambos em moto, lá fomos nós experimentar as sensações da nova Harley.
Mas antes é conveniente dissertar um
pouco sobre a origem do modelo e algumas particularidades.
O motor, baptizado pelo fabricante com
um sonante "Revolution
X engine", é feito
numa base completamente nova, a única dos últimos 13 anos, e tem disponíveis as
cilindradas de 750 e 500 cc, mantendo a configuração tradicional V-Twin a 60º.
Este ano, numa primeira fase está a
ser comercializado nos EUA, India, Espanha, Itália e Portugal. Penso que o
facto de sermos incluídos no grupo restrito dos eleitos, não tem a ver com o
nosso (pouco) dinâmico mercado, mas por simpatia com a Espanha porque o
importador da marca é espanhol e comercializa as motos nos dois países da
Península.
A Street 750/500, conforme sugere o
seu nome, é um modelo focalizado para circular na agitação do trânsito
citadino. Por isso a sua refrigeração é a água para evitar sobreaquecimentos,
tem uma caixa de 6 velocidades adequadamente escalonada e o seu assento tem
apenas 709 mm de altura. Conjuntamente com o seu baixo centro de gravidade, e a
roda traseira de apenas 15 polegadas de dimensão, oferece ao condutor uma
grande facilidade de manobra.
Para ver mais características
técnicas:
http://www.harley-davidson.com/es_ES/Motorcycles/street-750/specs.html
Vamos agora às sensações colhidas no
teste de condução.
Gostei da posição de condução. É
correcta e descontraída, com os pés ligeiramente avançados, mas sem exageros como
as suas irmãs maiores. O guiador também contribui para o equilíbrio da postura,
bem proporcionado e a uma altura contida.
Os comutadores em cada um dos lados do
guiador pareceram-me algo levantados em relação à posição da mão, obrigando a
fazer algum esforço para lá chegar e mais ainda a mim, que tenho os dedos
curtos. A instrumentação, tal como toda a moto em geral é algo austera, só tem
o mínimo indispensável, sem conta-rotações, mas não choca pela simplicidade,
pois neste caso condiz com o tipo de moto e com aquilo que ela custa.
Os comutadores esquerdos, algo girados para cima |
O aspecto geral da moto agradou-me.
Simples, nalgumas coisas até demais, mas compreenda-se, a Harley tem ao dispor
do cliente um vasto leque de acessórios para a transformarmos na menina dos
nossos olhos.
O mesmo ocorre com os direitos |
O depósito leva 13,1 litros, tem a
forma de gota mas parece que está virado para baixo, sendo plano na sua parte
superior, ficando muito baixo em relação à posição do condutor.
O motor V-twin e tudo que o envolve é de
cor negra, com o filtro de ar ao centro entre os dois cilindros, dá-lhe um visual
tipicamente Harley que agrada à vista.
A carenagem que envolve o farol tem
boa pinta, dando-lhe a personalidade de uma cruiser, em vez do ar pesadote das
custom.
A transmissão secundária é feita por
correia, com nítidas vantagens no silêncio de rodagem, ausência de manutenção e
de sujidade na roda traseira que causa o óleo projectado da corrente. Só resta
saber quanto custa trocar uma coisa daquelas e a periodicidade.
Cada uma das rodas de fundição de
alumínio e sete braços tem um disco de travão. A dimensão da roda da frente é
de 17 polegadas, mas a traseira tem apenas 15, tudo apontado para que a moto tenha
boa nota na manobrabilidade.
O escape é a única coisa que pensaria
seriamente em trocar ou retocar. E não será necessário ir à concorrência porque
a Harley tem.
A chave de ignição está posicionada no
enfiamento da coluna de direcção. Com uma breve pressão no botão de arranque o
motor desperta, A sua suavidade de funcionamento tira-nos de dúvidas de que
estamos perante um motor moderno com 4 válvulas por cilindro, feito segundo os
moldes actuais.
A caixa de velocidades é extremamente
suave e fácil de engrenar. O som do motor é cem por cento Harley e desenvolve
com suavidade e energia em o leque de rotações. Fez-me lembrar o motor da Honda
NC700X.
A travar é que enfim, deixou muito a
desejar. Não foi por falta de aviso por parte do guia! Cumpre a função com
segurança, mas desta vez fez-me lembrar a capacidade de travagem da minha Honda
CX500 com 35 anos.
Confesso que estive tentado a sugerir
mais um disco adicional, mas a verdade é que a citada NC700X tem apenas um
disco e trava muito melhor!
Enfim, nada é perfeito e as motos não
fogem à regra. Para além disso é uma Harley Davidson (!) que agora temos à
nossa disposição por um preço bem simpático, em torno dos 7.000€ e muito
funcional para o dia-a-dia. Eu gostei!
Boas companheiro.
ResponderEliminarApesar de não ser uma marca pela qual eu me identifico não posso ficar indiferente, até porque têm 2 rodas.. Nesta ultima foto apercebo-me que este modelo poderia ser uma substituta da tua amada cx 500.
Na feira estava presente a nova VFR 800 ?? pelo que li e vi parece trazer muito carisma.
Abraço
Filipe Lage
Olá amigo Filipe,
ResponderEliminarA minha amada CX500 (eheh) está num patamar diferente da Street, apesar de ter um poder de travagem muito parecido, eheh! Enquanto a CX foi projectada para ser uma turístico-desportiva (para a época), a Street foi feita para andar na cidade, apesar de claro, poder ir até ao fim do mundo como outra qualquer. Penso que neste âmbito chegaria bem a cilindrada de 500 cc, que está prevista, mas deverá ser só para alguns mercados que penalizam fiscalmente a cilindrada, como é no Japão.
Abraço