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terça-feira, 8 de março de 2011

Amendoeiras em flor a 100 à hora

Existem muitos motivos para nos ficarmos pelas intenções: doença, mal-estar, cansaço, trabalho acumulado, imperativos de ordem familiar, preguiça, reparações/trabalhos caseiros que ninguém quer fazer, enfim, quase tudo serve de entrave para fazer aquilo que mais gostamos.
Fácil, fácil, é nada fazer, como por exemplo ficar na caminha até mais tarde e dar uma segunda volta aos sonhos, sentar à mesa e comer um refastelado almoço, ou simplesmente estar no sofá a ver televisão.

Sábado, 5 de Março de 2011. Depois de durante dois dias, armado de uma sachola, combater arduamente contra um duro inimigo que não cedia perante os meus golpes (sacholadas), desabituado a este tipo de “desporto” (os tais trabalhos caseiros), doíam-me as costas e já pouca força tinha nos braços e nas mãos.
O lógico seria à tarde, dar um mergulho no sofá e fazer estiramentos com os dedos no comando da televisão. Mas não. Aquilo que me apetecia mesmo era “snifar” de forma intensa a minha droga – andar de moto. Por estranho que pareça, ao invés do comum, andar de moto não me dá dores de costas, tira-mas!
Há alguma coisa mais bonita do que amendoeiras cobertas de flores celestiais a anunciar a Primavera? Sim! O alcatrão negro e lisinho, com muitas curvas!
Com isto tinha o pretexto e o motivo para zarpar. Mesmo sem o meu companheiro de sempre – o meu amigo Filipe, decidi avançar, só que desta vez em modo “lobo solitário”.
Por volta das 14H30, com as botas nos pés e as luvas nas mãos, eu e a minha RaTa avançamos pela EN2 em direcção a Peso da Régua. O tempo não estava bom nem mau, o céu estava nublado, mas as nuvens estavam altas, não dando mau presságio.
Pela nacional 2, nada de novo, apesar de a arrebatadora A24, tornar cada vez mais esmorecida a memória de quando fazia das curvas rectas, e das rectas auto-estrada. Com as portagens para breve e o preço da gasolina a subir a pique, talvez nos faça regressar ao passado mais rápido do que pensamos.

Em Fortunho entrei na A24 para evitar passar por Vila Real e voltei a sair para Nogueira, depois da zona industrial de Constantim.
A EM313, que vai até à Régua, constituiu durante muito tempo uma válida alternativa à EN2 que passa por S.ta. Marta de Penaguião, cujas curvas são tão fechadas que nem as motos gostam de as fazer.
Na EM313, as curvas são muito mais amigáveis (o piso um pouco irregular), mas acima de tudo tem uma paisagem deslumbrante para as encostas vinhateiras e as aldeias que lhes servem de apoio.
Passada a velha ponte sobre o rio Douro, enveredei pela EN212 em direcção a S. João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa.
À esquerda o imponente rio Douro e à direita imponentes montanhas com pendentes que metem respeito. É por isso que normalmente existem restrições ao trânsito devido a derrocadas, mas o seu trajecto é fácil, plano e com muitas rectas.

Próximo de Pinhão, virei à direita e comecei a subir uma infindável pendente com curvas fechadas e mau piso, mas lá no alto, já próximo de S. João da Pesqueira, até V.N. de Foz Côa, o trajecto tornou-se muito mais agradável, permitindo ver mais de perto o alcatrão das curvas.
Apesar de a flor das amendoeiras ser o pretexto, não posso deixar de fazer uma menção honrosa às mesmas, tanto mais que neste período celebra-se em Foz Côa, até 13 de Março, a XXX (lê-se 30ª - não é porno!) Festa das Amendoeiras em Flor. Penso que também devem ser um pretexto, pois não se vêem assim tantas como isso!
Já na N102/IP2/E802, até ao Pocinho, posso dizer que me diverti à grande e à francesa, ao percorrer aquelas curvas bem desenhadas e intuitivas, dando a sensação de ir sobre carris.
Passada a barragem, toca a subir uma estrada meia degradada, meia em obras, melhorando a partir do momento que deixamos a companhia do rio Douro e depois do rio Sabor.
Ao desviar para Vila Flor por uma espécie de atalho, que é a EM608, voltou a diversão, estrada acima, com curvas algo apertadas mas que convidavam a despertar os sentidos.
De Vila Flor a Mirandela pela N213, também foi um docinho, com um traçado bem ao meu gosto,
sempre enquadrado com paisagens férteis e verdejantes, pese embora ainda estarmos no Inverno. Ao passar pelo Cachão, senti um odor que muito me agradou, vindo das chaminés dos lagares de azeite (mas se calhar poluente!).
Chegado a Mirandela, já eram 18H00 e por isso não havia tempo a perder, pois o sol estava a avisar que não aguentava por muito mais tempo. Rumei pela aborrecida via rápida EN213, e a partir de Valpaços, na estrada mais restritiva e castrada do concelho e arredores, ainda deu tempo para evitar o papão do radar da Policia.
Chegado a Chaves, assim terminei a minha viagem, com um sorriso na cara e 280 Km na RaTa
.
Esclarecimentos:
Este passeio foi feito exactamente à média de 100 à hora! Dúvidas?
O quê? O tempo total gasto não coincide com a média? Pois não, porque parei para apreciar a paisagem, tirei fotos e como sou gente também parei para comer…e tive que fazer as curvas, claro!
A média excede o limite legal de 90 Km/h em estrada nacional? É verdade, mas há que ter em conta que percorri uma parte em auto-estrada, que fez aumentar a média!
Afinal tudo bate certo!!!

3 comentários:

  1. Mais uma vez, um relato digno de apreciar, mais ainda pelo facto de conhecer o percurso feito, infelizmente de carro mas com a vontade de o fazer como tu.
    Acredito bem que apreciaste e te divertiste bem com o passeio...abraço.

    Luis Pinto

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  2. Caro conpanheiro..

    Apenas no dia de hoje me foi possivel comentar mais um magnifico e trabalhoso relato do teu solitario passeio. "Mas já o povo diz mais val só do que mal acompanhado."
    Não ligues ao meu ultimo comentário pois isto não é mais do que inveja pura e simples por não ter podido acompanhar.
    Carissimo, mais uma vez só provas-te que fiz a contratação certa para comentar, escrever ou ranhozar neste blog!!!!!


    Abraço
    Filipe Lage

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  3. Mais uma vez tive pena...
    Mas a minha mota amarela não pegou," cera da ferrugem " nãooooo.
    Talvez no proximo passeio te acompanhe...
    Boas curvas.
    Abraço.

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