Comentário das imagens expostas


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Amizade à prova de água

Não sei se, caro leitor, alguma vez passaste pela situação de teres tanta fome que até um pedaço de pão sabe a glória…
Isto para dizer que, eu e o meu amigo Filipe estavamos em tal estado, que estavamos decididos a, naquele instável sábado, lançarmos-nos à estrada com o que houvesse à mão. Digo à mão, porque a minha RT estava estacionada bem longe de Chaves e tinha apenas disponíveis as minhas meninas, digo as minhas CX500.

Saímos depois de almoço e quando íamos a sair da Lage & Lage, demos conta que o céu estava negro e pesado e estava a preparar-se para castigar os mais desprotegidos.
Eu montado na sua sofisticada Multistrada e ele na minha combativa CX, era ver-nos a correr a “tout vitesse”, comigo a tentar dominar os 160 CV da Ducati e o Filipe a espremer os 50 CV da Honda, o que nos manteve sempre à frente do nosso competidor mais directo – a chuva.
Depois de 60 fenétricos quilómetros, chegamos a Vinhais, tiramos umas fotos de familia e devolvemos as monturas aos seus correspondentes donos.
Esses curtos 10 minutos parados, foram suficientes para que o céu se vingasse da nossa curta vitória e a partir daí o ambiente passou a ser molhado, muito molhado!
Alguém quis voltar para trás? Alguém estava triste? Qual quê! Toca a inaugurar a temporada de Inverno com uma boa voltinha à chuva!
Apontamos o azimute para a Gudiña e a bom ritmo fizemos todas aquelas estreitas e caprichosas curvas.

Entramos em Espanha. A estrada alargou-se e o piso melhorou, mas a chuva não parou.
Chegados à Gudiña e ainda se mantinha a fome de mais estrada e aí dirigimo-nos para norte em direcção a Campobecerros, donde estão a construir e passa a nova linha do AVE.
Nesse trajecto até Verín, apanhamos de tudo: mau piso, curvas impossíveis e nevoeiro, mas também desfrutamos de uma parte muito divertida, em forma de montanha russa com o piso imaculado.

Chegamos a Verín e daí rumamos a Chaves. Nem nos apeteceu parar pelo caminho, mas naquele momento demos conta que necessitávamos tomar algo quente para retemperar forças.

Com este curto passeio sentiamo-nos recuperados. Tinhamos saciado de certa forma a fome e a saudade de tanto milhares de quilómetros que fizemos juntos e que agora, por motivos de distância, já há muito não fazíamos.

Para acabar, apenas uma pequena nota. Se quiseres fazer este pequeno trajecto acompanhado, não te esqueças de que, para além de precisares de motos também tem que haver muita amizade, senão ao chegares ao fim tu ou alguém se vai queixar.