O trajecto |
Depois de 3 lés-a-lés e muitas viagens por
este país fora, tenho a impressão de conhecer bastante bem Portugal, mas a
encosta alentejana soa-me a muito vago, pelo que, sob o pretexto de ir ver uma
prova de WTCC a Portimão, resolvi no início deste mês, partir à descoberta da
beleza do litoral Alentejano.
Início do percurso |
Depois de pernoitar em Lisboa, arranquei
ao meio da manhã, dirigindo-me pelo itinerário mais direto, via ponte Salazar –
Almada – A2/IP7, saindo na nacional IC1 antes do cruzamento da Marateca.
O rio Sado e os seus arrozais |
Logo de início tinha decidido não ir a
Tróia, um lugar de belas e extensas praias, por ainda ter muito presente na
memória aquele local e por isso só considerei como verdadeiro início do meu
roteiro, quando passei Alcácer do Sal. E aí fui presenteado com um belíssimo
postal: o rio Sado, rodeado de verdejantes arrozais, com algumas cegonhas à
procura de algo para a sua dieta.
Santiago do Cacém |
Depois passei uma terra que em nada soa a
Alentejo – Santiago do Cacém. Cacém soa a Lisboa, mais por culpa de uma paragem
de comboio na linha de Sintra que lhe dá fama e é uma freguesia de Sintra.
Continuando, rapidamente passei ao largo
Grândola, pelo IP8, que me levou por vias largas (algumas por acabar) até
Sines. E aí tive o primeiro contacto com o mar. Estava tão apetecível que
acabei por parar e apreciar a paisagem com mais detalhe. O contraste era
grande: de um lado, convidativas praias de areia fina com o mar espraiado, e do
outro, uma gigantesca central termoelétrica com duas ameaçadoras chaminés a
apontar para o céu.
Sines: praia e poluição |
Saí da nacional N120/IC4 para uma estrada
secundária e depois disto foi como entrar no paraíso, que também é o início de
zona protegida (Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa
Vicentina). Depois de
praias e mais praias entrecortadas entre dunas altivas, cheguei a Porto Côvo,
uma terra que nos parece ser familiar e até dá saudades, mesmo sem ter lá ido,
muito por culpa do Rui Veloso. Foi a região que me pareceu menos explorada,
pese embora dar-me a noção que no pico do Verão, deve ser uma gigantesca
invasão do pessoal de Lisboa.
A beleza da encosta |
À entrada de Porto Côvo |
Passado este trio de locais
arrebatadores, entrei numa estrada muito interessante – a N120: um piso
perfeito, com muitas e bem desenhadas curvas, que mais me fazia sentir no Norte
do que no Alentejo.
Vila Nova de Milfontes: vista do outro lado do rio Mira |
Depois disto comecei a afastar-me do mar
até que atravessei Aljezur, do qual apenas consigo realçar o castelo que bate
nos olhos de qualquer visitante que vem do norte, lá no alto de uma pálida
montanha.
Com o mar cada vez mais longe, a paisagem
passou a ser mais seca e austera e por coincidência o sol começou a dar lugar a
uma névoa cada vez mais intensa. Vi uma placa para a direita a indicar Sagres e
foi por aí que eu fui – sempre a rumar para o mar! A paisagem alternava entre
longas retas e curvas que serpenteavam por entre montes cheios de vegetação
rasteira. Chegado a uma terra chamada Carrapateira, resolvi arriscar por uns
caminhos em terra e aí vi mais uma zona de encosta protegida, rodeada de
extensas dunas, mas também muito cuidada para o visitante poder apreciar, sem
estragar.
Zambujeira do Mar, praia |
A paisagem mudou de figura: as brilhantes
praias de areia, deram lugar a encostas agrestes com rochas e escarpados,
agravadas pelo céu cinzento, mas que não deixavam de ser de uma grande beleza.
Continuei a rumar para sul, e a névoa
cada vez mais densa, que tornava o ar marítimo cada vez mais desagradável. Parecia
que me estava a aproximar do cabo das tormentas!
N120 - curva bem redonda em Ocedeixe |
Cheguei a Vila do Bispo, já pouco
motivado pelo tempo e a tarde a findar. Mesmo assim resolvi ir à vila de Sagres,
apesar de já lá ter ido anteriormente. Arrependi-me. Depois de umas longas e
fastidiosas retas cheguei lá e vi… nevoeiro. Estive apenas o tempo suficiente
para tirar uma foto e regressei.
Chegado ao ponto inicial, não pensei noutra
coisa senão ir direto para Lagos, pois, para ver nevoeiro, podia fazê-lo na
casa de banho ao fim de 5 minutos de um banho quentinho! Hummm!
Estatística:
· Distância do percurso – 363 Km;
· Velocidade média (com paragens) – 50 km/h;
· Consumo – 4,7 l/100 Km;
· Ascensão acumulada – 2310 m;
· Ponto mais alto alcançado (Atalaia, Grândola)
– 320 m;
· Ponto mais baixo alcançado (vários locais)
– 4 m.
Aljezur e o seu castelo |
Cruzamento para Vila do Bispo e Sagres |
Carrapateira, junto ao mar |
Encostas rochosas |
Forte de Sagres |
Companheiro.
ResponderEliminarJá dei essa volta mais ou menos igual e na verdade é muito bonita. Mas pelas fotos sem duvida que tives-te mais sorte com o tempo pois eu tive chuva do prencipio ao fim.
Um abraço
Filipe Lage