Andava desejoso de testar esta moto por vários e diversos
motivos:
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Nunca tinha
conduzido um motor de três cilindros, do qual falam maravilhas, aliás dizem que
é teoricamente, a configuração mais equilibrada pois beneficia da elasticidade
de um tetracilindro e do forte binário de um bicilindrico.
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É uma moto
que, tendo em conta o seu preço, cerca de 10.500 €, está dotada de bons
componentes tecnológicos que beneficiam muito a sua estética, e teoricamente, a
sua dinâmica. Estou a falar por exemplo, do quadro e do basculante assimétrico
em alumínio, do acelerador electrónico com 3 modos de potência do motor e os
nada desprezíveis faróis frontais e traseiros em led, ainda um pouco raro na
sua categoria.. Estéticamente é uma moto que cativa. Para além dos componentes
já mencionados destaca o escape curto, que sai lateralmente pelo lado direito
da moto, e a própria configuração de hibrído de trail desportiva, com ambas as
rodas de 17”.
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Por último,
estou na fase de comprar uma moto e esta está dentro do meu leque de opções,
pelo que tinha que agora verificar se será tão boa como interessante.
O concessionário Moto Cruz de Vila Pouca de Aguiar e Vila
Real, disponibilizou-me amavelmente esse modelo e eu, feliz da vida, por ter
finalmente a oportunidade de experimentar uma moto interessantíssima.
A cor vermelha “red lava” fica bem neste modelo (já não está
disponível em 2017), o qual tinha como extra um amortecedor de direcção Öhlins
e uns bem enquadrados e discretos suportes, assim como o correspondente
conjunto de malas Shad que pedi para retirar neste teste, para não influenciar
negativamente o seu comportamento.
Depois de uma rápida explicação, sentei-me na moto e passei
à acção.
A posição de condução é agradável, tipo supermotard e
o assento senti-o duro, em especial no centro.
O quadro de bordo completamente digital |
O quadro de bordo é todo digital e está muito
completo e visível. Do lado esquerdo tem a informação fundamental, como é o
conta-rotações, velocidade instantânea, relógio, modo de motor, etc., e do lado
direito é o computador de bordo, que inclui a velocidade engrenada. Só tenho
pena que seja ainda naquela cor e fundo tradicional, que já vemos (farto de
ver!) nos relógios digitais há mais de 40 anos!
Ao arrancar o motor, mal se sente, quase não faz ruído,
mas depois ao acelerar em andamento nota-se um pouco mais de alma.
Primeiro tratei de sair do pára-arranca citadino. Encaminhei-me
para a nacional N15 que vai de Vila Real até Murça, mas tive antes que desembaraçar-me
das aldeias que se sucedem nas imediações da capital transmontana.
Aí comecei a procurar sensações. No modo de potência Standart,
com o qual estive a maior parte do tempo, o motor começava a reagir a partir da
3.000 rpm, o qual pareceu-me um pouco tardia e das 5 às 6.000 rpm sentia-se uma
espécie de retenção. Só a partir das 6.000 o motor mostrava todo o seu poderio,
mas nessa altura já superava os 120 Km/h em 6ª...
As suspensões cuja regulação não verifiquei, tal como
a pressão dos pneus, sentia-as duras e quando aparecia alguma irregularidade, a
moto saltava, não gerando confiança na condução.
Os travões travam muito bem, mas os dianteiros são
muito sensíveis ao primeiro toque da manete. O detrás, pelo contrário requer
toda a determinação do nosso pé para que se sinta o efeito, pelo que é
recomendável testar previamente para que se possa tirar partido do mesmo.
Belos detalhes: escape e basculante em alumínio |
Nas curvas, não me senti à vontade para entrar cada
vez mais rápido e inclinado. À entrada da curva sentia uma espécie de
resistência a deitar-se. Ademais, ao sair da curva o acelerador é muito
sensível ao primeiro golpe de gás, sentindo-se uma espécie de gaguejo. Supondo
que isso seria coisa do efeito (ou defeito) por ser acelerador electrónico, experimentei
no modo de condução A e B. No primeiro, o efeito é mais ou menos o mesmo, mas
no B, que imagino que deve ser o de menos potência, já não sentia tanto essa
hesitação. Ademais, também no B, a entrega de potência já a senti mais linear,
sem aquele “marasmo” das 5-6.000 rpm.
O quadro, em fundição de alumínio |
A cúpula é regulável, mas a verdade é que pouco
protege, um pouco mais na posição alta que na baixa. De qualquer forma o vento
vai sempre parar ao capacete.
Quando me entregaram a moto, o computador de bordo
indicava 6,4 l/100Km. Fiz “reset” e andei cerca de 60 Km, apresentando no final
uma média de 4,8 l/100Km, pelo que considero uns consumos muito bons para aqui
que andei.
Outro bom detalhe: ficha 12v |
Não me vou prolongar nem argumentar mais sobre este
teste. Tenho que referir que tinha elevadas expectativas para esta moto, pelos
motivos que referi ao início. E saí dali verdadeiramente decepcionado. Já tinha
lido sobre a debilidade das suspensões, da má protecção da cúpula e do assento
algo duro, mas não esperava desiludir-me na parte dinâmica, mecânica e
electrónica. Esta moto é um êxito mundial de vendas, mas a mim não me
transmitiu sensações satisfatórias, pelo que provavelmente o defeito é meu ou esta
unidade em concreto estará mal afinada, como é a pressão dos pneus, regulação
das suspensões, sei lá....
No ano transacto a MT09 foi objecto de alterações nas
suspensões e para 2017 já foi apresentada uma remodelação ainda mais profunda,
incluindo a parte estética. Esta Tracer tem dois anos de mercado e já vai para
o terceiro (2017) com apenas alterações cromáticas. Às vezes, aquilo que não
serve para uns pode ser excelente para outros. Tendo em conta aquilo que
relatei apenas posso aconselhar os eventuais interessados que experimentem bem antes
de comprar.