O motor de combustão interna, com um século e meio de
existência (precisamente, faz este ano essa bela idade), teve ao longo deste
tempo uma lenta e gradual evolução, chegando ao século XXI com a sensação de
que estava esgotado de novas soluções tecnológicas.
Ironia do destino, quando parecia que pouco ou nada
havia mais para dar, a electrónica e a informática deram um novo fôlego a este
idoso mecanismo.
Assim, apareceram muitas inovações que resultaram em múltiplos
benefícios: para poluir menos o ambiente (por imposição legislativa, claro!), para
maior segurança, para assistência e melhorar o conforto na condução.
Motos como esta Multistrada 1200, são dotadas de autênticos mini-computadores com possibilidades de fazer combinações quase infinitas |
Destaco como inovações mais importantes, a ignição
electrónica, a injecção (substituindo os carburadores), o ABS, os punhos
aquecidos, o GPS , os computadores/painéis de bordo digitais/informatizados.
De forma mais exclusiva (só em motos de gama alta),
podemos encontrar muitos mais: o arranque sem chave, o cruise control –
controlo de velocidade (sim, sim, já sei que foi inventado muito antes um
sistema mecânico), o controlo de tracção, as suspensões de regulação
electrónica, o indicador de pressão dos pneus, o assistente ao arranque em
subida, os diferentes mapas de potência do motor, e por fim o quick shifter
(mudança rápida de velocidades), tema que me trás aqui a escrever sobre este
assunto.
Quick Shifter na R 1200 GS |
Tudo isto para dizer que de todas as inovações
enumeradas (e outras que puderam passar-me ao lado), quase nenhuma serve para
que o piloto se divirta na condução. Digo quase, porque as suspensões
electrónicas, ok, são úteis para ajustá-las ao tipo de condução pretendida e
ademais já estão associadas aos mapas de potência do motor, mas reduz-se tudo a
esse acto. Os mapas de potência do motor são fixes, mas são indicados para
diminuir a potência máxima no sentido de se ajustar a condições adversas, como
é o tempo, o tipo de piso ou de tráfico.
Onde podemos obter muita diversão e adrenalina, é com
o controlo de tracção na sua vertente mais evoluída, em que ademais de poder
estar conectado directamente aos mapas de potência e à regulação das
suspensões, o seu nível de sensibilidade pode ser escalonado, permitindo através
de uma aceleração mais agressiva, conseguir derrapagens controladas. Mas
convenhamos, já sem falar, no gasto extra em pneus, é uma diversão donde acabamos por correr demasiados riscos: a velocidade em curva é demasia elevada
para quem transita numa estrada nacional e se por acaso os pneus não estão nas
condições ideais de temperatura ou apanhamos uma zona demasiado resvaladiça (gelo, areia) e ao melhor estilo MotoGP - upa! cú no ar, mortal em frente, costados no chão e moto
para a sucata!
O control de tracção e o cruise control, já começam a
poder encontrar-se em motos mais acessíveis, com a adopção generalizada do
acelerador electrónico.
Quick Shifter na BMW S 1000 XR |
Mas
o quick shifter, ou como designa a BMW – o assistente de passagem de caixa, é
muito mais do que um mero acessório electrónico oculto. É o quarto elemento
daquilo que considero mais divertido - acelerar-travar-curvar e agora “shiftear”.
eh! eh!. É excelente para quem gosta de fazer curvas a bom ritmo, mas também se
pode utilizar em condução normal. É tudo uma questão de hábito, a que nos adaptamos
quase de forma instantânea!
O
quick shifter, para aquilo que faz, é a coisinha electrónica mais simples do
mundo: é uma diminuta caixa ligada à ignição e a um sensor na alavanca de
velocidades. Quando acionada a alavanca, o sistema corta a ignição por fracções
de segundo (entre 60 e 80 milisegundos), alivia a carga da caixa, permitindo
assim subir e baixar de velocidades sem embraiagem e sem tirar gás (!).
Kit quick shifter |
A
maioria das marcas com modelos desportivos já tem disponível esse dispositivo,
mas a BMW é quem o tem mais popularizado. Por aproximadamente 425€, podes optar
por um como acessório (não tem que vir instalado de fábrica) nos modelos com os
novos motores R1200 LC e nos desportivos S1000. Experimentei-o nas duas
configurações (R1200RT e S1000RR), e posso afirmar que funcionam de forma
perfeita e são extremamente viciantes, pois são do mais prático e eficiente.
Centralina |
Sensor aplicado |
Centralina+sensor |