Vender
e comprar não deviam ser notícia, mas a verdade é que os quase 80.000 Km e
quase 6 anos de companhia, com a minha leal companheira BMW R1200RT, não me
deixam indiferente.
Admito
que seja uma “rapariga” avultada, com poucas curvas, que não transmite
sensualidade como uma desportiva ou uma “naked”. É feita mais para ser do que
parecer, mas quem a conhece sabe perfeitamente que é completa e não lhe falta
caracter e melhor que tudo, nunca te deixa plantado, seja cual for a situação. Ao
fim e ao cabo tem aquilo que é mais importante numa aquisição, para aqueles que
disfrutam em andar de moto. Cometem um erro aqueles que a levam para ficar em casa.
Dá muito a troco de pouco, por isso, nada de deixá-la sozinha e aborrecida.
A
sua incondicional fiabilidade, consumos comedidos, baixo custo de manutenção,
segurança, conforto, protecção, capacidade de carga, são itens que acabaram por
criar as condições ideais para viajar muito, tanto no Inverno como no Verão,
incitando sempre a ir mais longe do que o previsto.
Não
tenho histórias de desventuras para contar. As únicas situações críticas que
tive com ela, foi ocasionalmente, em que quase ficava sem gasolina ao tentar
apurar ao máximo os seus 25 litros de depósito, que por vezes quase davam para
andar 500 Km sem reabastecer. Foram 80.000 Km de apenas meter gasolina, trocar
de pneus e pouco mais.
Queres
saber se tem defeitos? Sim tem, mas são muito poucos. E não vou enumerá-los,
porque não é ocasião para isso. Sou da opinião que nunca se fala publicamente
dos defeitos de uma rapariga, em especial quando foi a nossa companheira
durante vários anos…
Que mais posso pedir? Nada. Não há explicação para
este desprendimento. Já diz o ditado, “não há bem que sempre dure nem mal que
nunca acabe”. Chegou a hora da despedida. Mas com a má sensação de que nunca
mais irei ter melhor. Poderei vir a ter uma moto mais rápida, mais bonita, mais
desportiva, mais campreste, mas globalmente nunca será melhor, porque para mim
a RT é, e sempre será, a “moto quase perfeita”.