Lembro-me em 1989, com a moto dos meus sonhos – uma
Suzuki GSXF 750, com os seus impetuosos 106 cv, ao acelerar em piso calcetado,
mesmo sem exageros, era vê-la logo a patinar sem grandes rodeios! Tinha uns
Metzeler de ferro! Vendia-a com 15.000
Km e ainda tinham muito para andar.
O Michelin Pilot Road 3 é o expoente máximo da tecnologia nesta categoria |
O que disse refere-se a pneus desportivo-turísticos,
pois os desportivos estão noutro nível, com a sua borracha tipo autocolante.
Por isso, quando vires um gajo a cavalo numa desportiva, a passar por ti a
abrir nas curvas, não te impressiones nem fiques complexado. É uma espécie de
batota, pois jogam com outras cartas, que parecem ser iguais, mas são todas
trunfo.
A maior parte dos motociclistas não liga aos pneus, apesar de serem a única coisa que nos liga ao asfalto. Para adquirir um novo vão ao concessionário e metem aquilo que lhe aparece pela frente, ou melhor, aquilo que o vendedor quer impingir ou tem disponível.
A maior parte dos motociclistas não liga aos pneus, apesar de serem a única coisa que nos liga ao asfalto. Para adquirir um novo vão ao concessionário e metem aquilo que lhe aparece pela frente, ou melhor, aquilo que o vendedor quer impingir ou tem disponível.
Na colocação e bom uso de pneus deve-se ter em conta
algumas regras básicas:
·
É necessário
saber de antemão aquilo que se quer: pneus desportivos (grande aderência e
baixa duração), pneus turístico-desportivos (média aderência e duração) ou
pneus utilitários (baixa aderência e elevada duração). Por via das dúvidas, coloca
uns iguais aos que já trazia de origem. Cada marca tem pelo menos um modelo
para cada gama.
·
Colocar de
preferencia os dois pneus simultaneamente, da mesma marca e modelo, pois assim
garante-se à partida um comportamento homogénio; para colocar pneus de diferente
marca e/ou modelo tem que se saber muito da ”poda”, sendo que a maior parte daqueles
que fazem isso têm mais mania do que sabedoria, pois é preciso andar muito ao
limite e gastar muitos pneus para tirar elações concretas.
·
Quem gostar de
rodar rápido em curva com segurança, pode optar por pneus com piso bi-composto
(como é o caso dos modelos que cito abaixo), com a parte lateral mais macia e o
centro mais duro. Isto garante que em longos percursos em auto-estrada o pneu
não fica deformado.
Como ver a validade; só está escrito num dos lados do pneu |
Nunca é demais saber ler o que está num pneu |
·
Vigiar com rigor
a pressão dos pneus. Pneus muito inflados ficam saltitões e com pouco ar
deformam-se. Ter especial atenção quando se leva passageiro e nas mudanças de
estação (calor-frio). Por princípio, não deves confiar nos manómetros das
gasolineiras. Compra um bom só para a tua moto.
·
Não esquecer ao
colocar pneus novos, rodar durante os primeiros 30-50Km muito suavemente,
aumentando o ritmo em curva de forma progressiva, a fim de prevenir quedas por perda
de aderência. O aspecto brilhante (e escorregadio) que apresenta um pneu novo é
devido a uma “cera de desmoldagem” aplicada na linha de produção.
Sempre na estela de conseguir as melhores borrachas
para a minha RaTa, isto é, os pneus com melhor aderência, melhor preço e que
durem mais, já tive 3 marcas diferentes – os Metzeler Z6 Interact, os Michelin
Pilot Road 2CT e os Bridgestone BT023GT.
Os dois primeiros duraram ambos cerca de 10.000Km, mas
os Metzeler às vezes davam-me a sensação que perdiam aderência à frente ao
curvar, com a consequente perda de confiança. Os Michelin nunca me deram
qualquer sinal negativo, mas o pneu da frente acabou muito cedo; eu é que o fiz
esticar até aos 10.000Km, com a permissão do (bom) tempo. Com os Bridgestone a coisa
foi mais caricata. Nunca me deram qualquer receio, pese embora o da frente
ter-me durado 14.000Km. O mal é que atrás, ao fim de 7.000Km (penso que durariam
8-9.000Km se os levasse até ao fim), tive que o trocar por outro novo, acabando
assim por não desfrutar a curvar, pois o da frente já estava a meio uso. Por
isso voltei novamente aos Michelin Pilot Road2, que ainda por cima tinham o
preço em promoção.
Um recurso que usei para ver se encontrava o melhor
pneu, foi um fórum de motos (BMW España), levando-me à conclusão que aquilo que
pode ser bom para uns, para outros pode ser desastroso. Digo isto porque, em qualquer
um dos modelos a duração podia variar de 6.000Km até 20.000Km ou mais. Se havia
alguns que diziam que era muito seguro, havia outros que diziam que era instável…
Claro que se registava uma tendência de opiniões e de dados, mas as diferenças
eram demasiado grandes para chegar a uma conclusão segura.
Por a roda no ar só é bom para o espectáculo, mas pôe-nos a arder!!! |
Pelo exposto anteriormente, penso que cada um deve
procurar o pneu que se adapte melhor ao seu estilo de condução. Claro que quem
anda 3.000 Km por ano, nem chega a compreender o seu estilo, ou melhor, nem
sequer tem estilo (as minhas desculpas aos leitores que se revejam nesta
afirmação; não devem ficar zangados, devem é andar mais!).
Mesmo eu, usando pneus turístico-desportivos e a andar
a um ritmo que me parece rápido, considero que me têm sobrado em aderência,
pois muito antes de atingir os seus limites (dos pneus), a falta de
visibilidade, as condições atmosféricas, ou seja, a precaução em geral, dá-me
de forma prematura o meu limite de velocidade.
Já sabem que o melhor motociclista não é o que anda
mais rápido, é aquele que nunca cai (que isso não sirva de desculpa para criar
filas no trânsito! J).