Comentário das imagens expostas


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Honda Crossrunner – Lobo com pele de cordeiro

Se há coisa que eu adoro são motos e ainda mais andar em cima delas. Por isso, quando me dão a oportunidade de experimentar um novo modelo, fico mais contente que um puto quando lhe dão um doce. Em termos caninos, farto-me de abanar o rabo! Desta vez foi o concessionário “Irmãos Cruz” de Vila Pouca de Aguiar, que tiveram a gentileza de ma confiar, no seu novo posto de venda em Vila Real. A simplesmente designada Honda Crossrunner (VFR 800 X) tem profundos genes na conceituada e eterna VFR800 e herda quase toda a ciclística da mesma: quadro, basculante e motor, este último retocado face ao tipo de veículo. Ao olhar a moto de lado faz-me lembrar um Bulldog, com pouca perna e muito peito. Em cima dela, parece que estamos numa supermoto, dando a sua estreiteza de linha, em conjunto com o seu quadro de instrumentos de reduzido tamanho, e o seu baixo assento, uma sensação de grande leveza, conferindo maneabilidade em parado e a baixa velocidade. Para quem não saiba, o seu motor, um 4 cilindros em V, é uma das configurações mais sofisticadas e caras do mercado, que só a Honda sempre soube fazer ao longo da sua história. Tal como a VFR, para garantir o seu estreito perfil, os radiadores são colocados lateralmente e o basculante é monobraço, conferindo-lhe um visual de elevada tecnologia. Sem dúvida que a configuração V4 é a melhor que existe. Não é por acaso que quase todas as marcas de MotoGP (excepto Yamaha), adoptaram este modelo. A Crossrunner é a rainha da suavidade. Não existem as “pistonadas” das grandes bicilíndricas e acelera que se farta. Mas é a partir das 7.000 rpm que mostra a grandiosidade do seu motor e num “clic” faz-nos disparar a adrenalina e põe-nos todos os sentidos em modo de alerta máximo. A curvar é muito intuitiva, não exigindo nenhum esforço e trava bem, sendo bom sentir o conforto de saber que tem ABS, para uma travagem inesperada. Não gostei da configuração do comando do punho esquerdo (igual à VFR1200), onde trocaram a posição tradicional do pisca, com a buzina. Por causa disso, fartei-me de buzinar quando queria fazer pisca e vice-versa. Como dizia o outro “não havia necessidade…”. A embraiagem, hidráulica, podia ser menos dura e seria útil que o painel de instrumentos, demasiado compacto para o meu gosto, tivesse um indicador da velocidade engrenada. O canhão da ignição está lá no fundo, numa espécie de buraco, pelo que não teria sido má ideia colocá-lo um pouco mais acima, ou noutro local. Para mim, esta moto concorre directamente com a Ducati Multistrada 1200, apesar da diferença de cilindrada e potência. Digo isto, porque ambas são “funbikes” – divertidas na estrada, práticas na cidade e têm disponível de origem vidro alto, punhos aquecidos e malas, que nos podem levar até ao fim do mundo. Ah! E surpresa das surpresas, tem um depósito com uma capacidade de 21,5 litros! A vantagem da Crossruner é que é muito mais acessível (um pouco mais de 11.000€, para 16.000€ da versão base da MTS com ABS), apesar de não contar com a dispensável cavalaria de que não tiramos proveito e os “gadgets” tecnológicos, muitas vezes dispensáveis (níveis de potência do motor, controlo de tracção multi-regulável, embraiagem deslizante).
Gosto desta Honda, porque a acho bonita, prática, maneável, potente e dá para tudo.
Tudo isto montado numa base mais que testada, conferindo à partida uma grande fiabilidade. Que mais podemos querer?